Em dois anos, reclamações sobre crédito consignado crescem 32,4%

Principais queixas dos consumidores são sobre portabilidade e cobranças indevidas. Reclame AQUI traz dicas de como usar o consignado com segurança

Reclame AQUI

De uma hora para outra você se aposenta e começa a receber ofertas de crédito ou empréstimo consignado. Para sua surpresa, profissionais de bancos e financiadoras telefonam com seus dados pessoais na ponta da língua que você nem imaginava que teriam acesso. Essa situação é mais comum do que parece e se torna dor de cabeça para muita gente.

No Reclame AQUI, são milhares de reclamações sobre crédito ou empréstimo consignado. De janeiro a setembro de 2019, foram 13.755 queixas em todo o site, 32,4% a mais em comparação ao mesmo período de 2017.                

Os principais motivos, de acordo com os consumidores, são referentes a portabilidade (dificuldade de trocar de instituição financeira), cobrança indevida (não reconhece a cobrança do empréstimo ou há taxas), ligações (oferta insistente de crédito ou empréstimo), quitação (dificuldade para quitar/negociar ou cobrança depois de quitar) e cancelamento (dificuldade para cancelar).

“Desliguei meu telefone fixo por não aguentar as ligações”

Neste ano, uma consumidora aposentada, de 65 anos, moradora de Santa Catarina e que prefere não se identificar, viveu uma situação que não foi fácil de resolver. “Nunca procurei créditos por não precisar, mas um dia me ligaram se identificando de um banco e perguntando se eu e meu marido tínhamos um cartão do aposentado, que seria nosso direito. Pediram para confirmar os meus dados e na confiança fiz, mas só depois de desligar me toquei que seria um crédito consignado e me arrependi de ter fornecido”.

Ela conta que retornou a ligação e recusou, mas mesmo assim o cartão chegou. Apesar de não ter sido desbloqueado, ela ainda recebeu outra ligação de uma segunda pessoa afirmando que ela e o marido tinham um crédito depositado em conta. “Enviaram a fatura, pagamos porque disseram que assim os valores seriam reembolsados. Reafirmei que não queria esse dinheiro de jeito nenhum e o valor não saía da conta. Até estornar, ameacei processar, tive que procurar acompanhamento com a gerente do meu banco para resolver da forma mais segura e não ter meu nome sujo por algo que eu não procurei”, explica.

Depois disso, a consumidora disse que passou a receber ligações todos os dias de financiadoras diferentes. “Tive que desligar meu telefone fixo em casa por não aguentar mais receber ligações de financiadoras dizendo que temos crédito liberado, é um assédio insuportável”.

Pediu um cartão e veio junto um empréstimo consignado

Outro consumidor, de Curitiba, contou no Reclame AQUI que foi vítima de uma proposta enganosa. Ele explica que em agosto deste ano recebeu o contato de uma instituição financeira e aceitou a proposta de um cartão de crédito. Com a demora da chegada do cartão, entrou em contato com a empresa no mês de setembro e descobriu que junto do cartão vinha um empréstimo consignado que não havia sido autorizado.

“O empréstimo aparece no meu cadastro de pensionista do INSS desde 18/09 , sendo que não recebi cartão e nem créditos. Já fiz o cancelamento, mas não consigo mais contato e nem retorno sobre a efetivação do mesmo. Preciso urgente que a instituição proceda com o cancelamento e estorno do empréstimo. Caso contrário, estarei nos próximos dias buscando as vias judiciais para resolver essa situação”. 

Como proceder antes de contratar um empréstimo

Como essa modalidade de empréstimo anuncia taxas de juros mais baixas, acabou se popularizando, principalmente, entre aposentados. E por conta disso apareceram problemas que são recorrentes, como golpes e fraudes onde os idosos são as maiores vítimas e que terminam muitas vezes endividados ou sem dinheiro.

“O ideal é que nada seja contratado na emoção, que se estude antes de contrair um empréstimo para saber se o orçamento vai suportar. Pesquisar a empresa, se ela é idônea, se a reputação é boa e se a taxa de juros está compatível à realidade do mercado também são muito importantes. No caso de idosos, que podem cair em armadilhas por não entender o assunto e contratam sem compreender, comprometendo a renda por falta de orientação, o ideal é ir acompanhado de alguém de sua confiança”, orienta Ricardo Miragaia, especialista em gestão de empresas.

Miragaia acrescenta que se qualquer cidadão, aposentado ou não, se deparar com o nome envolvido em contratação de consignado sem que tenha autorizado ou que não tenha consciência de autorização, “deve procurar seus direitos, buscar um profissional para que proceda com os meios legais de restituição do seu crédito e a garantia do sigilo de dados pessoais e bancários”.

 

O que é o empréstimo consignado?

  • O empréstimo consignado ou crédito consignado é um empréstimo com pagamento indireto
  • As parcelas de pagamento são descontadas direto ou da folha de pagamento do cidadão ou da folha de benefício do INSS da pessoa física antes mesmo de ela ter acesso ao valor total
     
  • Entretanto, é preciso fazer as contas e ficar atento ao contratar um empréstimo. Ele não pode comprometer mais do que 30% da sua renda mensal, por isso a importância de saber da sua saúde financeira
     
  • Pesquise os juros e demais encargos, que variam conforme a instituição. O consignado pode ser obtido em bancos, seguradoras ou financeiras
     
  • Qualquer pessoa pode contratar um empréstimo consignado desde que não tenha bloqueado judicialmente até 30% da sua renda. Aposentados, pensionistas e cidadãos em geral, mesmo que esteja com o “nome sujo na praça”, podem ter acesso

Atenção ao fazer movimentações financeiras

É preciso estar mais do que atento na hora de contratar qualquer serviço financeiro, seja empréstimo consignado ou não. Para qualquer transação bancária, cuidar de como você se comporta conta muito e pode protegê-lo de golpes.

Para ajudá-lo, o Reclame AQUI separou algumas dicas importantes que valem para quando você receber uma ligação desconhecida para confirmar dados pessoais e até quando estiver em um caixa eletrônico, entre desconhecidos. Na saída de bancos, por exemplo, é bastante comum a abordagem de quadrilhas.

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