88,6% dos consumidores se preocupam com o uso de seus dados

Reclame AQUI mostra pesquisa sobre a LGPD e explica o que é e como vai funcionar a partir de 2020

Reclame AQUI

Quando o consumidor vai a qualquer estabelecimento comercial e o profissional pede o CPF, um e-mail, por exemplo, já está sendo fornecido um dado. Mas é necessário entender que a partir do momento em que a pessoa “libera” uma informação como essa, a empresa vai usá-la. E da forma que ela achar mais conveniente: mandar uma oferta ou sugerir um produto conforme o perfil do consumidor via celular, e-mail... e até compartilhar ou vender esses dados.

Sim! E para regulamentar esse alto tráfego de informações, em agosto do ano que vem entra em vigor a nova Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil. Ela tem sido assunto frequente e tema de muitos debates do que deve ser feito e o que vai acontecer com os dados dos brasileiros. Para ouvir empresas e consumidores e saber como estão lidando com o assunto, o Reclame AQUI aplicou uma pesquisa em seu site.

O material foi aplicado entre os dias 16 e 18 de setembro, e 10.285 usuários do Reclame AQUI responderam. Houve a possibilidade de participar como consumidor (93,6%) e como empreendedor (6,4%).

LGPD pretende deixar o tratamento de dados transparente

Entre os consumidores, 9.627 responderam a pesquisa. A maioria, 88,6%, se mostra preocupada com a forma que as marcas usam os dados pessoais fornecidos. E não é à toa, já que frequentemente os brasileiros são vítimas de golpes onde veem seus dados sendo usados. Sendo assim, a pergunta que se fazem é como os dados foram parar nas mãos de tantas pessoas desconhecidas, aspecto que a LGPD vem para normatizar.

Para o advogado Fernando Bousso, do escritório de advocacia Baptista Luz, "esse volume é bem significativo e é isso que a LGPD quer fazer, tornar esse tratamento transparente. As empresas devem fornecer informações suficientes para as pessoas de como os dados delas serão tratados, para qual finalidade e quais terceiros terão acesso, os mecanismo de segurança utilizados".

Consumidores precisam ficar atentos aos cadastros

Um aspecto analisado por Bousso é de que 43,5% leem os Termos de Uso de aplicativos que baixam em seus celulares. "Se quase metade dos consumidores disseram que analisam os Termos de Uso das plataformas, temos algo que surpreende, e as empresas precisam passar a fornecer termos de uso mais objetivos e com menos juridiquês para que o cosnumidor entenda e compreenda como seus dados pessoais serão tratados".

Entretanto, Diego Campos, diretor de operações do Reclame AQUI, ressalta que 56,6% não leem. "Embora as pessoas mostrem preocupação com suas infirmações, mostram pouco cuidado. Nos Termos de Uso, às vezes, têm muitas coisas escritas lá que as pessoas não gostariam que os dados fossem utilizados daquela forma, mas elas concordam. Ao mesmo tempo é que 60% informam seu CPF no comércio e não fazem pergunta de como é armazenado e nem para que fins. Os consumidores precisam se preocupar com os cadastros, opara que fins seus dados vão ser utilizados".

 

 

Entre as empresas, 41,6% afirmam que não sabem o que é LGPD

Como qualquer empresa, o Reclame AQUI também precisará se adequar à LGPD, e já está nesse processo. “Somos basicamente uma empresa de dados e lidamos com informações de pessoas físicas que utilizam nossa plataforma. Hoje, já tratamos o tema com muita responsabilidade, contudo, a lei traz uma série de temas que passaram a ser assunto já na concepção e prototipação dos nossos produtos”, analisa Campos.

Mas entre os dados coletados na pesquisa, um dos que chama a atenção do diretor de operações do Reclame AQUI é a resposta dadas pelos empreendedores quando questionados se a empresa está preparada para cumprir a LGPD e 41,6% afirmam que não sabem o que é LGPD. Ou seja, falta informação e muitos esclarecimentos ainda para que as empresas se adaptem às novas regras.

Uma vez que falta de conhecimento, por consequência, pode levar à não adesão à lei e ao despreparo para lidar com as novas práticas, o que pode afetar os negócios no que se refere à transparência. E a partir do momento em que o consumidor se sente seguro na sua relação de consumo com uma marca, ambos ganham. Nesse sentido, se fortalece a relação de confiança entre as partes também e as empresas não perdem negócios porque existe transparência.

“A lei não é uma lei de internet. É uma lei que se aplica tanto no online quanto no offline. Na verdade, o processo de adaptação é uma grande transformação da empresa, não simplesmente você ter uma política de privacidade ou ter questões de transparência, é revisitar a forma como a empresa utiliza adequadamente os dados pessoais”, explica Renato Leite, advogado do escritório de advocacia Baptista Luz.

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