64,7% já aderem ao PIX, mas ainda há inseguranças sobre o uso do meio de pagamento

Pesquisa do Instituto Reclame AQUI mostra que muitos gostam da praticidade da ferramenta, enquanto outros ainda têm receio

Reclame AQUI

Poder transferir qualquer quantia de dinheiro, a qualquer momento, e também receber automaticamente, sem precisar pagar taxas, são grandes vantagens do PIX. O meio de pagamento eletrônico instantâneo, lançado em novembro de 2020 pelo Banco Central, é um dos maiores avanços recentes do mercado bancário brasileiro. E justamente por suas facilidades, muitos já aderiram a ele.

De acordo com a pesquisa do Instituto Reclame AQUI realizada entre os dias 13 e 15 de julho, com 15.800 visitantes do site do Reclame AQUI, 64,7% dos consumidores já utilizam o serviço. Levando em conta que se trata de uma modalidade de pagamento que existe há menos de 1 ano, a adesão é alta, o que mostra o desejo do brasileiro por métodos menos burocráticos de realizar transações. 

 

Muitas mudanças ainda virão com o PIX

O CEO do Reclame AQUI, Edu Neves, analisa que o PIX tem ocupado o lugar de operações como TED e DOC, além de pagamentos com cartão de débito e boletos, e que a revolução financeira trazida com essa modalidade está só começando.

“O PIX teve uma velocidade de adoção muito rápida pela facilidade de uso e por não ter tarifas. A pesquisa nos mostra que os consumidores usam e não é pouco: 2/3, por exemplo, usam toda semana. Acredito que a alta frequência de quem usa esteja associada aos comerciantes e prestadores de serviço, como salões de beleza, profissionais liberais, petshops, feiras... enfim, aos micro e pequenos empreendedores que aderiram ao PIX como forma de receber o pagamento. Tanto que vemos dois extremos na pesquisa quanto ao volume financeiro transacionado: 32,4% movimentam até R$ 200, e 27,5% mais de R$ 1.000, que é onde se encaixa o pagamento de contas, aluguéis e outras despesas não programadas”.

Neves acrescenta que é essa camada do mercado, dos micro e pequenos empreendedores, que vai doutrinar os consumidores que ainda não usam. Ele afirma que a chegada do PIX abriu a inclusão de pagamento digital instantâneo e passou a estimular ainda mais as compras online para os brasileiros pouco bancarizados, ou só com conta corrente e sem crédito.

 “Os apps de delivery já têm uma participação ativa nesse sentido: o uso era possibilitado por cartões de crédito e agora abriram para o pagamento com PIX. A pesquisa mostra que 39,5% já pediram comida pelos app e pagaram com o PIX. E isso é muito significativo. Estamos ensaiando o mundo das carteiras digitais. Cabe saber se o sistema bancário vai ajudar ou impor barreiras, como tarifas excessivas, por exemplo”, pondera.

 

Praticidade

Os consumidores que já usam o PIX parecem aproveitá-lo bem: 61% declararam utilizar pelo menos uma vez ou mais de uma vez na semana. E 46,4% usam por conta da facilidade de rapidez da transação, sendo que 37% responderam que apreciam o método de pagamento pela ausência de custo. 

Sobre a finalidade de uso, a maioria, 41,8%, afirmou que faz PIX para realizar todo o pagamento de produtos e serviços em geral (comercial), enquanto 25% fazem transações eventuais não previstas, em última necessidade. Esse cenário mostrado pela pesquisa reforça que a atratividade do PIX é justamente a praticidade das transferências, representando para muitas pessoas também a oportunidade de fazer negócios.

Diante disso, compras online ou por e-commerce já são pagas com PIX por 59,5% dos respondentes da pesquisa. Em contrapartida, realizar o pagamento de pedidos de comida via app usando o serviço ainda não tem uma adesão tão ampla, sendo que apenas 39,5% dos consumidores o fazem, como apontou Neves. 

 

Confira as dicas na hora de usar o PIX

No meio de tantas facilidades e praticidade, o CEO do Reclame AQUI, Edu Neves, faz um alerta e compara o PIX a um foguete: “ele não dá ré, é uma transferência direta e sem volta, por isso é preciso estar muito atento com quem você faz a transação. O mesmo cuidado que se tem com boleto, na hora de emitir e pagar, é necessário ter com o PIX: não se consegue estornar se for um golpe”.

  • Fique atento às transações online: veja se a loja, a plataforma de app e de e-commerce são confiáveis para não sofrer um golpe
  • Após feito o pagamento, não tem volta. É uma transferência! Quem fica com o seu dinheiro é o prestador de serviço, e não o banco
  • No pagamento presencial de loja física, você está cara a cara com quem vendeu o produto e é você quem preenche o valor da compra. No online, fique atento a códigos enviados e confira os valores na tela preenchidos automaticamente antes de confirmar o pagamento.

 

Insegurança e falta de conhecimento impedem adesão 

Mas o levantamento também mostra que há ainda receios sobre o uso do PIX. Entre os respondentes da pesquisa, 35,3% declararam não utilizar o serviço. Quando questionados sobre os motivos, 23,8% afirmaram que é porque não se sentem seguros. Isso mostra como ainda há desconfiança entre os brasileiros sobre utilizar soluções de internet banking e fazer transações virtuais.

Edu Neves ressalta que muita gente ainda não aderiu a esse modelo de pagamento, seja por desconhecimento ou insegurança, e acredita que a tendência é esse sentimento diminuir com o tempo. “Isso se resolve com educação e mais informação. Uma vez tinha-se medo de cartões, caixas eletrônicos por conta de golpes, do dinheiro sumir da conta... é um processo natural de adaptação, conhecimento e familiaridade com o tipo de transação”.

Uma questão importante para as empresas, aponta Edu, é acompanhar a cobrança por transação que foi autorizada pelo Banco Central. “Como e quando isso deve ser repassado ao consumidor de alguma forma assim que as empresas, especialmente as pequenas, perceberem essa tarifa. É monitorar para ver como o uso do PIX evolui e até onde ele pode ser uma vantagem”.

Faça um comentário